Redescoberta aos sessenta

Embriagada de felicidade

Sessenta anos. Uma vida inteira de rotinas, de papéis cumpridos, de silêncios guardados. Um casamento longo, que acabou por se desfazer como um fio gasto. E, de repente, o vazio. O medo de estar só. O receio de que já não houvesse tempo para mais nada.

Mas houve. Houve tempo para mim. Houve tempo para descobrir que o corpo não tem prazo de validade, que o desejo não se reforma, que a pele continua a pedir toque e calor. E eu, que tantas vezes me escondi atrás da palavra “idade”, percebi que ainda podia ser mulher inteira.

Vieram encontros inesperados, conversas que se transformaram em carícias, mãos que me ensinaram a sentir de novo. Não foi apenas sexo — foi descoberta. Foi perceber que o prazer pode ser reinventado, que há mundos dentro de nós que só se abrem quando nos permitimos. Foi euforia, foi riso, foi arrepio. Foi a certeza de que nunca é tarde para começar.

Hoje, aos sessenta, sinto-me mais viva do que nunca. Não sou a mulher que ficou presa ao divórcio. Sou a mulher que se libertou dele. E cada experiência nova é um lembrete: a vida continua, e eu continuo a ser parte dela — com corpo, com desejo, com alma.

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